quinta-feira, 29 de julho de 2021

Flutuar

  


    Da rede no alpendre, tudo em volta verde , e o vento sopra e balança .Eu na rede balanço ao som dos violinos de Vivald.

   Leveza dialogando com a lei da física ,assim se faz um pensador . 

  A rede tem várias utilidades :como transportar pessoas com debilidade física ou doente , ou grávida para parir, ou mesmo para momento fúnebre, e a beleza das cores ,a estética e momentos de brincadeiras ,as crianças ,a farra ,fanfarra .

  Num dia alegre ,esse agora . Quando escrevo e ouço boa música ,pensando no piano , o pianista ,a orquestra em movimento, os violinos, as cordas, sopros ,couros ,coros e as emoções dos músicos e públicos.

  A rede é uma invenção incrível dos povos indígenas ,você fica entre o céu e a terra .Em uma posição elevada como um ioga ,recebendo a energia que vem da terra, e a do espaço ,isso me faz muito bem.

   Numa rede em tardes quentes , nas florestas brasileiras, os povos do lugar descansaram,descansam , namoravam, namoram, ou mesmo um pesquisador observando a natureza ,ou se livrando das intempéries ,a umidade, ou fotografando bichos ,passarim ou num desses rituais à rede.

   Querida você me leva longe, e leve estou , obrigado meu Deus.

 Escrevi na rede Ilha de Boipeba BA, praia de Moreré




Texto :Cipriano Souza 

Fotos :Marili Tegon

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Manifesto mandioca

Manifesto Mandioca

“ Somos todos man. Uns mandiocas prontos para sermos moídos, virar farinha e ir pro saco.”
Aceita uma mandioca!
Fiz uma serie de nus em notas promissórias, estou presenteando os amigos e amigas.
Com a promessa de nos reunirmos novamente, cada um com a sua mandioca.
Nota promissória em protesto aos fascistas de plantão.
Promessa de nu, liberdade e amizade.
Para fazer a farinha tem que plantar a mandioca.
E quem nasceu vestido?
Presenteio agora as mandiocas em notas promissórias.
Quem quiser um desenho da série mandioca só passar em casa e retirar. Reserve a sua.
Envio pelo correio a cobrar para qualquer parte do planeta.
Vou tirar uma foto de cada pessoa que ganhar a mandioca, e futuramente reunimos os amigos e as mandiocas.
Um protesto contra a censura.













Cipriano Souza


quinta-feira, 14 de julho de 2016

KM 58 Cipriano SOUZA

É sempre bom um dedinho de prosa.
A proposta é discutir o grito da terra, das pessoas.
A luta da ecologia contra as incorporações venenosas que matam a terra e o homem.
Uma luz para as lutas do homem do bem
Como um santo de barro, não come , não bebe , não respira.





quarta-feira, 30 de março de 2016

Coragem!


DO COLORIDO AO PRETO-BRANCO: as viagens quiméricas de Cipriano Souza
            O que primeiro nos chama a atenção nas obras de Cipriano Souza é o colorido rico, forte, inebriante de cores primarias, secundarias, terciarias, contrastando com pequenas-grandes ilhas pictóricas de preto-branco, provocando, ressaltando as luzes, formas, imagens, volumes e sua poética. Sua pintura nos revela/expõe sonhos, visões de um realismo-fantástico onírico, tão caro ao universo das artes latino-americanas, mas um universo pictórico regido ao modo de ser do brasileiro, do baiano, do sertanejo, de Cipriano.
            A figuração, as imagens materializadas de metres Cipriano, são povoadas de seres disformes, de flora exuberante, de fauna exótica, de cotidianos agrestes/rurais e citadinos/urbanos, mas, e, sobretudo reveladora do eu-poético de um homem sertanejo-cosmopolitano.
            Cipriano Souza vem do sertão da Bahia, do Arraial de São Domingos (1970), por mais que tenha vivido em terras paulistanas, de leituras mil, de frequentes visitas a museus, galerias e exposições, de frequentar ateliers, de “antenado” a mundo, não só das artes, ele é sempre foi, é e será o cabra-sertanejo-baiano, que carrega consigo suas tradições, histórias, crenças e valores éticos/morais. Isto não significa que ele esteja preso ao passado, mas sim, que tem raízes na sua Bahia, no seu sertão, no seu sertanejo, no seu eu-poético ...
            Suas telas são verdadeiros mosaicos ficcionais-poéticos. São pequenos recorte-colagens pictóricos oníricos-líricos que se ligam pela poética e não pela temática, compondo painéis de puro realismo-fantástico. São viagens a terras vividas, sonhadas e imaginadas, desejadas. São momentos, eventos, factos presenciados cenas que ficaram retidas em suas memórias, retinas e materializadas em suas telas. Não podemos classificar a pintura de Cipriano simplesmente de naïf, ingênua, primitiva, ela traz elementos de técnicas mesmo que sem os rigores da academia, mas há uma elaboradas, que flerta com o acadêmico, com as vanguardas norte-américas dos anos 70/80, Basquiat, Keith Haring (vide seus seres e faunas em p&b), ou do francês Dubuffet, mas há Miró em cores e figurações, como dos modernistas e modernos brasileiros, seja nos geométricos de Volpi, Hélio Oiticica, Fayga entre outros, (vide seus portais, janelas e casarios). É certo que ele não copia mas sim amplia caminhos e veredas deixados pelos grandes mestres.
            A técnica e seus procedimentos artísticos pictóricos empregados por Cipriano Souza é quimérico, ilusionista, pois induz, o apressado, ver um simples grafismo xilográfico nordestino, à la cordel modernizado, pintado em tinta acrílico.
            O artista não usa tinta a óleo, pois tem presa no executar, no materializar seu eu-poético, a óleo demoraria seu fazer (o tempo de secagem é muito maior) logos as interferências frenéticas seriam impossíveis para esse turbilhão poético. As pinceladas poderem ser rápidas, grossas, carregadas de tinta, de energia, de velocidade, de consertos, de sobre-de-mão, mas como dissemos, elas têm que ser pinceladas que secam rapidamente para melhor trabalhar suas composições e elementos pictóricos, mas há também as pinceladas suaves, de puro rigor acadêmico, finas e delicadas. Que evidenciam seu total manejo com os pinceis,
            O desenho, forma, imagens se dão pelas pinceladas, não há crayon, dos pinceis tintados portem os volumes, formas, texturas, delineando imagens, luzes e cores, e até mesmo a temática.
            As temáticas de seus painéis/telas nos remetem aos ingênuos, aos naïfs, aos primitivistas, aos não-acadêmicos, porem sua técnica e consequentemente sua fatura vai além dessas rotulações, como dissemos a obra de Cipriano é uma cocha de retalhos, não de imagens, mas de técnicas, de várias escolas e matizes pictóricas, que não teme em mesclar, colar, juntar suas pequenas pinturas num grande painel.
            Cipriano está em constante busca do materializar seu eu-poético expondo sempre a alegria de viver livre e solto, sem rótulos e verdades acabadas ...

Roberto Palazzi


Cores agem
cor agem
Cores e coração
Ação das cores
Cores agindo com coração
Coragem!

Coragem é um ato de sobrevivência, não ter medo do ridículo.
Saber recuar quando  é necessário
Coragem é meter o dedo na viola
Começa na hora do choro, no nascimento.
Lidar com Deus e o Diabo
Coragem é natural como o medo
Fazer candieiro para vender na feira, ao invés de pedir esmola
Uma reunião no fim de tarde no chiqueiro de cabra, brigando no tapa.
O tatame natural do sertanejo é o estrume das cabras.
Planta no pó quem tem faro fino.
Sente o cheiro da chuva antes de chegar.
Sabedoria!
Carregar o saco nas costas e  jogar no chão.
No sertão meu amigo Rai Vento de seu Chuva, trabalhador.
Veio pra capital em um caminhão .
Vender chuchu na feira
Pintou o rodapé
Limpou as calhas
E olhando para o céu lembrou do ribeirão.
E assim começou a pintar
Coragem!






quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Ao mestre Chateaubriand

Peguei a estrada e nem sabia onde iria parar.
Eis que chega a casa do moço.
Motorista de sprinter fazendo entregas de arte.
Quando cheguei lá lembrei que pincelava também.
O moço tinha ouvido falar de mim.
E lá retornei com os meus trabalhos.
O homem doutor gostou do que viu e ouviu. E com muita alegria minhas pinturas estão na coleção do Doutor Gilberto Chateaubriand.
Sem palavras ou talvez com mais palavras. Estou pintando mais e com mais fé na arte.
Agradecido doutor.












Coleção Gilberto Chateaubriand









Agora o sertão que me aguarde, estou a caminho





Gilberto Chateaubriand
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Gilberto Francisco Renato Allard Chateaubriand Bandeira de Melo, ou simplesmente Gilberto Chateaubriand (Paris1925[1] ) é um colecionadordiplomata e empresário brasileiro. Filho de Assis Chateaubriand, possui a maior coleção de arte brasileira, em torno de 7.000 obras.

Cedida em comodato para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a partir de 1993, a coleção tornou-se acessível permanentemente ao público e vem sendo mostrada com regularidade também em outras instituições do Brasil e do exterior.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Cupim rói pau mole

Doce Doce
Jiló Jiló
Melancia
Mamão
Limão
Não faça cudoce
Beba
Suco de cavaçu
Doce,doce faça a vida ficar doce

Cipriano



Pegando este gancho de tirar o Brasil da gaveta, venho aqui pedir licença, a vossa senhoria na minha simplicidade de fazedor de candeeiro e consertador de rádio.
Falar de emoção vou abrir a porteira.
Às 6 da manhã, chiqueirando as cabras de ladeira abaixo, para de tarde retornar, subindo com elas como se fosse para o céu.
Vou falar de Poções, a terra do Divino, na festa do padroeiro, foi tão boa a subida da alameda e das escadarias.
Ouvir o padre de linhagem libertadora e humana foi uma emoção muito grande naquele tempo, ouvir aquela bela música do Geraldo Vandré, “Para não dizer que falei das flores”.
A igreja inteira cantando, o povo todo cantando, do lado de fora, de dentro, dos lados.
E eu sentindo aquela emoção vibrante, calorenta, amigável, amorosa, forte e pacífica.
Dia 20 de julho de 2015, em outro estado, outro momento, num grande templo da arte, Sala São Paulo, repetiu toda aquela belezura de sentimento.
No programa do Sr. Brasil, ouvi um grande mestre profundo falar da Amazônia, uma denúncia sobre nossa extinção. 
Homem sério de linhagem, obrigado querido.
E volto ao meu torrão, ouvindo Quinteto Violado fechando ao mesmo tempo abrindo, com a chave mágica, corações e mentes, esta canção,
Para não dizer que eu não falei das flores, eu volto ao meu tempo, de fazedor de candeeiros e consertador de rádios.
Subindo do cinquenta e oito e fazer morada em Planalto.
Vamos realmente ter que cuidar das águas seus éguas, viva o ar, viva a mata, viva são Francisco.
E os bichos amem amém, amem nós todos.
Já falaram que cupim rói pau mole.
Muito agradecido.




Cores e sons
É uma escolha
escolher o que?
O pincel, a cor , o som.






credito aos fotógrafos: Roberto Aso, Pierre Yves e Paulo Villar
a querida produção do Sr. Brasil: MESTRA PATRÌCIA MAIA E  O MESTRE ROLANDO BOLDRIN
muitos da roça
Beijos
Abraços
Vou trabalhar!!!